Os resultados obtidos nas equações (4.11) e (4.14)
mostram que, em uma rede finita e para um dado modo
existe
uma quantidade fixa, um ``pacote de energia''. Para o estado de uma
partícula temos um destes pacotes, para o estado de duas partículas
temos dois destes pacotes e assim por diante.
Precisamos agora interpretar o significado deste pacote de
energia. Pictoricamente podemos pensar que existe uma onda
propagando-se no espaço com momento
bem definido. Se esta
onda não carrega partículas temos E0 e estamos no estado de
vácuo. Se ela carrega uma partícula de momento
temos E1 e
estamos no estado de uma partícula e assim por diante. O espectro de
energia do modelo pode então ser expresso por uma ``escada'' de
espaçamento fixo dado por (4.14). A figura (4.2)
expressa estas idéias.
Para que esta partícula seja física, é preciso que esta ``escada'' sobreviva no limite de tempo infinito mantendo uma magnitude finita para os seus degraus, isto porque de alguma forma ela está associada à energia da partícula.
Assim, precisamos que
tenha um limite finito
neste caso, no espaço de Minkowski. Para irmos para este espaço
fazemos uma rotação de Wick,
e
,
e considerando o momento dimensional
temos
onde o índice M indica que estamos no espaço de Minkowski,
e
é a massa
da partícula. O limite
torna-se finito e positivo para um conjunto especial
de modos, aqueles que satisfazem à relação
onde A é uma constante finita a se determinar. Rearranjando os termos da equação acima temos
que denominaremos ``relação on-shell na rede''. Tomando o limite de tempo infinito da equação (4.17) obtemos, para os modos que obedecem a relação on-shell,
Podemos então dizer que os estados on-shell são aqueles para os
quais o valor de
é finito e não nulo no limite de
tempo infinito.
Além disso, da relação on-shell tiramos que
o que implica que
ou seja, que
Este resultado identifica um grupo especial de vetores no espaço de
momentos que, pelas suas características, denominaremos de vetores
tipo time-like. Para estes vetores o valor da escada é
positivo. Observe que o momento
e a energia
obedecem à relação válida para uma partícula
relativística em uma visão na rede.
Para obter o valor da constante A vamos considerar um ``limite clássico'' de baixos momentos. Neste caso sabemos da relatividade especial que
Comparando este resultado com a equação (4.18) vemos que o valor absoluto de A está relacionado simplesmente com uma escolha na escala de energia, ou seja, nas unidades que utilizamos para medir objetos com dimensão de energia.