Utilizando a ação da teoria livre na rede Euclidiana, temos
onde tanto S quanto
são adimensionais, sendo
a densidade
Lagrangiana adimensional. A versão canônica da teoria clássica define
um momento conjugado ao campo
como
onde o fator complexo
é adicionado por estarmos
trabalhando no espaço-tempo Euclidiano
e o índice s expressa o fato que
é uma variável de sítio associada ao link 0 que sai de cada
sítio, relacionado com a direção temporal. Da definição acima surge a
necessidade de separar o índice temporal dos índices espaciais da
rede. Assim, de agora em diante as somas d-dimensionais serão
expressas por
ou
,
as somas somente numa
superfície espacial por
ou
e as variáveis
temporais por 0 ou t. A rede terá NL sítios nas direções
espaciais e NT sítios na direção temporal. Em geral estes dois
números serão iguais, mas fica aberta a possibilidade de que sejam
diferentes quando isto for necessário para futuras discussões. As
direções espaciais terão comprimento L e a direção temporal terá
comprimento T. O espaçamento da rede será sempre a, de forma que
Expressando a ação em termos desta notação temos que
e
Podemos agora definir uma densidade Hamiltoniana adimensional
na rede de maneira que os resultados sejam compatíveis com os
resultados no limite do contínuo e as integrais convirjam no espaço
Euclidiano. Note que a teoria quântica de campos usual é desenvolvida
no espaço de Minkowski, onde as equações de movimento são invariantes
por transformações de Lorentz. Porém mesmo lá, para que as integrais
funcionais convirjam, é necessário fazer uma rotação de Wick na
componente temporal, utilizando o espaço Euclidiano somente para
resolver as integrais e depois retornando ao espaço de Minkowski. Como
na rede trabalhamos com o espaço Euclidiano todo o tempo, basta
descobrir quais definições de S e
fazem sentido
físico. Vamos manter uma definição compatível com o caso clássico e
analisar posteriormente as consequências para a teoria
quântica. Assim,
será definido classicamente na rede como
ou, em termos de
e
somente,
Podemos ainda escrever
e
,
a Lagrangiana e a
Hamiltoniana do sistema, como sendo as somas espaciais sobre as
respectivas densidades. Assim,
![]() |
= | ![]() |
|
= | ![]() |
(4.2) |
e
Para discutirmos a teoria quântica vamos utilizar a definição via integração funcional, onde o que temos são os observáveis da teoria expressos por
Neste ponto temos duas maneiras de continuar os cálculos, a primeira
delas considerando
e
como variáveis
independentes e a outra considerando-as como as mesmas
variáveis
. Vamos estudar detalhadamente cada uma delas.
No primeiro caso, os observáveis são definidos como
onde neste caso consideramos a seguinte generalização:
![]() |
![]() |
![]() |
|
= | ![]() |
(4.4) |
Após alguns cálculos chegamos a
Precisamos agora calcular a integral
Efetuando a mudança de variáveis
chegamos finalmente a
e para um observável que não dependa de
temos, da
equação (4.5),
onde
.
Ou seja, para
este formalismo é idêntico ao formalismo em que
.
No entanto, quando os observáveis dependem tanto de
como de
este resultado já não é mais válido e precisamos voltar à
definição (4.5). Desta maneira pode-se demonstrar, por
exemplo, que
e que
.
Este resultado indica uma diferença conceitual
entre os campos clássico e quântico. Classicamente não existe
diferença entre as variáveis
e
.
Quanticamente porém somente os valores esperados de
e
são iguais.
De agora em diante, portanto, utilizaremos a definição geral dada por (4.3).
Precisamos agora mapear esta definição dos observáveis na rede nos valores esperados de observáveis em estados de partículas como é usual no caso do formalismo de operadores.
A idéia é associar o estado de vácuo a um particular ensemble do modelo, aquele que estivemos usando até agora,
ou
o estado de uma ``partícula'' de momento
a
ou
ou
Precisamos portanto analisar o que representam estes ensembles do ponto de vista da construção do espaço de Fock. Para isso vamos calcular neles os observáveis número de partículas e energia do sistema.