Como exemplo, considere um plasma a temperatura , onde são
colocadas duas cargas elétricas clássicas puntuais
e
nas posições
e
, respectivamente. A
variação na energia dentro do plasma é proporcional a:
onde
,
são os campos elétricos
clássicos (obedecendo, portanto às equações de Maxwell)
gerados por
e
, e
é o campo dentro do
plasma (já considerando o efeito da carga
).
Uma vez que
,
, são conhecidos da teoria
clássica, precisamos somente calcular
. Para isso, vamos utilizar a teoria de resposta
linear. Neste caso,
,
e
são
as densidades de hamiltoniana dos sistemas não perturbado,
perturbado e externo, respectivamente dadas por:
![]() |
(3.12) |
![]() |
(3.13) |
e
![]() |
(3.14) |
devido à presença de uma carga no plasma. A
variação na i-ésima componente do campo elétrico no
plasma devido à presença da carga é expressa, pela teoria de
resposta linear, através da Eq. (3.10), como sendo:
![]() |
(3.15) |
onde a função
não altera a
expressão e foi colocada de modo a facilitar a identificação
do comutador acima com as funções de Green da teoria. Os passos
seguintes no cálculo de
envolvem escrever os campos
em termos do potencial vetor
, a imposição das regras de comutação para estes
campos e a utilização das propagadores e funções de Green
para o campo
. Estas contas já foram apresentadas na
literatura sob vários enfoques
. Assim, sem entrar em detalhes, pode-se
demonstrar que:
![]() |
(3.16) |
Aqui representa a função de Green retardada
da teoria e estamos considerando um calibre covariante qualquer tipo
Lorentz. Finalmente, se incluirmos as correções radiativas
provenientes da teoria quântica, o potencial entre duas cargas
puntuais
e
separadas por uma distância
dentro do
plasma, Eq. (3.11), torna-se:
com sendo o tensor de polarização,
satisfazendo à seguinte decomposição:
![]() |
(3.18) |
![]() |
(3.19) |
com
![]() |
(3.20) |
e sendo a velocidade do banho térmico (no
referencial de repouso expressa por
). Desta forma as componentes
e
são dadas
respectivamente por
e
. Note que,
uma vez que o tensor de polarização envolvido na
integração em (3.17) deve ser considerado em
, estamos interessados no limite estático desta amplitude.
Para interpretar o resultado expresso em (3.17) ,
vamos considerar o caso onde . Neste limite, o termo
dominante na integral (3.17) vem de
. Assim, definindo a massa elétrica
como sendo:
a Integral (3.17) torna-se:
ou seja, é um potencial de Yukawa. Uma interpretação
deste resultado é que o plasma interage com a partícula
carregada amortecendo o seu efeito a longas distâncias: parte dos
íons livres com carga negativa dentro do plasma ``blindam'' o
efeito das cargas positivas livres. Este fenômeno é conhecido como
blindagem (figura (3.1)). Podemos também estudar o efeito de
interação de campos magnéticos clássicos com o plasma. Neste
caso, obtemos uma expressão muito semelhante à
Eq. (3.22), com sendo trocado pela massa
magnética, definida por:
![]() |
(3.22) |
O efeito de blindagem foi extensamente estudado em dimensões
e vários resultados são conhecidos. Na
, por exemplo, as
massas físicas foram calculadas até ordem
em
[14,15], como sendo:
![]() |
(3.23) |
Já para a eletrodinâmica escalar, as massas físicas foram calculadas em [38] e são dados por:
![]() |
(3.24) |
Neste capítulo faremos uma análise do processo de blindagem em
dimensões. Este estudo é interessante e como veremos,
apresenta novos resultados com relação ao caso quadridimensional
por vários motivos. Qualitativamente, no plano, sabemos que o termo
de Chern-Simons assume um papel muito importante em teorias de
calibre, alterando consideravelmente as características
magnéticas do modelo. Na teoria de Maxwell-Chern-Simons-Higgs na
fase quebrada, por exemplo, já podemos perceber o seu efeito no
propagador, Eq. (2.53). Note que ele possui duas massas
distintas
. Assim, se estas massas continuarem a existir no
cálculo perturbativo, fica a questão de como generalizar este
processo, de forma a englobá-las. Vale salientar que em
dimensões, devido à mudança
, embora
o potencial entre duas cargas não possa mais ser escrito através
da Eq. (3.22), ele ainda pode ser determinado como sendo:
onde é a função de Bessel modificada, e
estamos considerando o seu comportamento assintótico para grandes
valores de
.