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Alguns Conceitos Relevantes

O comando tar é um dos mais úteis e versáteis do sistema. Ele é usado para criar, ler e manipular arquivos tar, que são arquivos que contém outros arquivos ou mesmo diretórios completos. Em inglês chama-se a um arquivo tar de ``archive'', enquanto os arquivos comuns são chamados de ``files'', mas em português o mesmo nome é usado para as duas coisas. Um arquivo tar é tanto um ``file'' quanto um ``archive''. O primeiro nome refere-se ao fato de que o arquivo tar é um arquivo dentro de um filesystem, exatamente como qualquer outro. O segundo nome descreve o seu conteúdo, que é o de um arquivo de arquivos. Nesta apostila vamos traduzir ``file'' por ``arquivo'' e ``archive'' por ``arquivo tar''.

O comando tar pode ser usado para fazer backups em fita, de fato o seu nome vem de ``tape archiver'', ou seja, arquivador em fitas. Mas ele também pode ser usado para empacotar arquivos ou mesmo diretórios inteiros em um único arquivo tar em disco, para copiar árvores de diretórios de uma lugar para o outro, para fazer backups em disquetes e ZIPs e replicar filesystems inteiros. Sua ação sobre diretórios que sejam dados como argumentos é recursiva, ou seja, o comando tar percorre recursivamente os subdiretórios do diretório dado, indo até o final da árvore de diretórios que se inicia nele. Em suma, é um comando de extraordinária flexibilidade e utilidade para a manipulação de arquivos.

Esta ação recursiva sobre diretório, que constitui uma forma de empacotar, desempacotar e replicar quantidades quase ilimitadas de dados, inclusive filesystems inteiros, nos permite realizar facilmente a clonagem de sistemas operacionais completos. Esta é uma forma muito rápida e fácil de se instalar um novo sistema de forma idêntica a um que já exista, poupando enormes quantidades de trabalho de instalação e, principalmente, de configuração de sistemas que sejam muito parecidos. Será realizada uma demonstração deste tipo de operação durante a aula, usando um método um pouco diferente daquele que veremos explicitamente nesta apostila, um método que envolve o conceito de sub-shell.

O programa tar é uma das ferramentas mais úteis para a manutenção e gerenciamento de sistemas. Além da possibilidade de usá-lo para fazer backups dos filesystems de sistema, que são basicamente estáticos, é possível usá-lo em combinação com outros elementos e aspectos do sistema para fazer, por exemplo, backups automáticos em disco das contas dos usuários, que em geral são muito dinâmicas. Pode-se fazer uma atualização automática do backup, que denominamos de ``backup incremental'', digamos de hora em hora, de forma que o usuário tenha certeza de que nunca vai perder qualquer arquivo que tenha mais de uma hora de idade. Nos sistemas do projeto Sócrates temos hoje um sistema de backup incremental automático das contas dos usuários, que roda de quatro em quatro horas. Além disso, é possível fazer backups de segurança através da rede de áreas vitais do sistema, tais como os logs e as configurações, o que é muito útil como uma forma de controlar invasões hostis dos sistemas.

Nesta aula vamos ilustrar alguns destes usos do comando tar, incluindo arquivos tar em disco e em disquetes. A única coisa que não vamos fazer é escrever em fitas, pois esta é uma atividade que está ficando progressivamente mais rara para um usuário comum. Com a queda dos preços dos discos rígidos, hoje em dia é mais fácil, conveniente e barato fazer backups em disco do que em fitas. Para o transporte de dados, os ZIPs são uma das melhores escolhas, mas também é possível usar floppies comuns, escrevendo neles arquivos tar em modo multi-volume, ou seja, um único tar em uma coleção de disquetes, como veremos.

Com o aparecimento e a popularização de unidades gravadoras de CDROM e de CDRW, tornou-se disponível uma nova forma de armazenamento de dados, muito barata e bastante conveniente, tanto para backups quanto para o transporte de dados. Já temos uma unidade deste tipo disponível na sala Pró-Aluno e em breve teremos mais duas. Isto nos permite escrever discos de cerca de 650 MB com mídias que custam entre cerca de R$ 1 (para as que se escreve uma única vez) e cerca de R$ 5 (para as que podem ser re-escritas muitas vezes). Já estão começando a aparecer no mercado unidades de gravação de DVD, de forma que em breve poderemos estar escrevendo discos deste tipo com mais de 4 GB cada um.

Por ora ainda é necessário efetuar operações relativamente complexas com comandos especiais para gravar estes discos óticos, mas já existem módulos experimentais para o kernel do Linux que nos permitem tratá-los exatamente como tratamos hoje discos ZIP ou floppies. Com a melhoria progressiva das velocidades de gravação e o aumento de capacidade das mídias, já podemos antever uma época, num futuro próximo, onde será possível manipularmos e armazenarmos quantidades praticamente ilimitadas de informação em discos óticos baratos e confiáveis, de forma muito simples e transparente.


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