Além de servir como interface do sistema com o usuário e de poder ser utilizada tanto para a submissão ao sistema de comandos simples quanto para a execução de procedimentos mais complexos, que combinam vários comandos, no que chamamos de ``programação de linha de comando'', a shell pode ser utilizada como uma verdadeira linguagem de programação. Fazemos isto escrevendo certos arquivos, chamados ``shell scripts'', que serão lidos e interpretados pela shell, levando à execução dos procedimentos nele contidos. Qualquer dos comandos e estruturas que podem ser usadas para programação de linha de comando também podem ser usados em scripts, mas há algumas estruturas que podem ser usadas apenas em scripts.
Cada uma das shells interativas usuais tem a sua própria linguagem de programação. De forma geral elas têm estruturas parecidas umas com as outras, mas os detalhes diferem significativamente de uma para outra. Vamos examinar diretamente nesta aula a linguagem de programação da shell que usamos como padrão interativo, a tcsh.
É importante enfatizar que a programação em shell scripts com as shells interativas usuais não é um meio apropriado para todo e qualquer tipo de programação. Ela pode ser utilizada para procedimentos razoavelmente complexos, mas não se trata de um meio apropriado para a escrita de programas que sejam extremamente longos e complexos. De fato, para este tipo de uso há shells que foram criadas especialmente, como é o caso da Perl, as quais não são utilizadas interativamente de todo. Além disso, como trata-se de linguagens de programação interpretadas e não compiladas, as linguagens de shell não se prestam a programas cuja função seja a de executar procedimentos de processamento intensivo.
A programação em shell scripts é idealmente apropriada para funções que sejam excessivamente complexas para serem lembradas em detalhe e usadas diretamente na linha de comando, mas que não sejam mais longas do que algumas poucas páginas, preferencialmente uma única página. Elas são particularmente apropriadas para a execução de tarefas e rotinas no sistema, sejam elas administrativas ou de interesse particular do usuário.